Mulher africana – Isabelle Vita
Foi
naquela tarde, em Borlänge...
À Tessa Asplund, a afro-sueca, de aspecto frágil, que fez
parar a frente de uma manifestação de neo-nazis
…
O teu gesto, que da razão fez a força, desarmou os que,
através da força, querem ter sempre razão.
Há momentos de uma difusa claridade, em que a verdade se
ilumina de repente e de uma forma fulminante.
Foi naquela tarde, em Borlänge,
negra de bandeiras, de suásticas e de caveiras,
que, da fragilidade trémula de um caule,
nasceu uma flor.
Uma pérola negra do rebento de uma semente
antiga
- da memória do tempo dos escravos -
venceu a Besta, que não pára de escoicinhar.
A arma secreta e mortífera foi esse teu gesto
digno
de entrares nua no covill
e de derrubares as muralhas,
da fortaleza onde habitam as serpentes.
Ergueste o teu punho de prata,
onde guardas as sombras dos teus sonhos
e eu já não tive tempo
de oferecer-te um cravo vermelho, de Abril...
Alexandre de Castro
Maio de 2016
2 comentários:
É belo e digno o seu poema, tal como o punho erguido de Tessa Asplund!
O punho erguido de uma mulher fisicamente frágil, e que, corajosamente, esteve à altura das circunstâncias.O seu gesto, que da razão fez a força, desarmou os que, através da força (bruta), querem ter razão. Há momentos de difusa claridade, em que a verdade se ilumina, de uma forma fulminante.
Obrigado "poeta".
Abraço.
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